De acordo com a entidade, 30 linhas de produção, de diversos alimentos, estão paradas neste momento por conta dos protestos.
Os atos antidemocráticos são realizados em estradas em todo o país por apoiadores do atual presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas últimas eleições, que bloqueiam os acessos com caminhões e pneus incendiados.
O desperdício ocorre em meio a um agravamento da situação da fome no Brasil. Hoje 33 milhões de brasileiros não têm o que comer no país, conforme revelou o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, feito pela Rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional).
Já o Datafolha apontou semana passada que 24% dos brasileiros têm comida insuficiente na mesa.
"Os bloqueios nas estradas comprometem severamente o acesso das indústrias às matérias-primas e insumos essenciais à produção e impedem a distribuição de todos os tipos de alimentos, inclusive leite em pó e fórmulas infantis", diz nota divulgada pela Abia nesta quarta-feira (2).]
O monitoramento da entidade contabiliza que, no momento, mais de 30 linhas de produção estão paradas ou com risco alto de paralisação nas próximas horas.
"Se os bloqueios forem mantidos, a partir desta quinta-feira [3] há risco de descarte de, no mínimo, 500 mil litros de leite por dia pelos principais fornecedores de apenas uma indústria associada -além da perda de milhares de produtos acabados", informa a Abia.
"Isso representaria prejuízos milionários para a economia, impactos na inflação e um desserviço aos esforços empreendidos pela sociedade no combate à insegurança alimentar."
A indústria alimentícia atingiu R$ 992,6 bilhões de faturamento no Brasil em 2021, cerca de 10% do PIB (Produto Interno Bruto). O setor produz cerca de 250 milhões de toneladas de alimentos por ano, com mais de 37 mil indústrias que processam 58% de tudo o que é produzido no campo.
A Abia se diz gravemente preocupada com a situação da produção e distribuição de alimentos em todo o país, reforçando ser "imprescindível que as manifestações não prejudiquem o livre trânsito de alimentos".
As operações de produção, distribuição, comercialização e entrega de alimentos e bebidas configuram "atividade essencial, reconhecida pelo governo federal", lembra a entidade.
"É urgente uma ação rápida e efetiva dos governos para o desbloqueio imediato das estradas, assim como a criação de corredores logísticos para garantir a circulação de alimentos, garantindo assim o abastecimento, e evitando o desperdício."
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