sábado, 18 de novembro de 2023

Empreendedorismo Feminino: mulheres ganham mais espaço como proprietárias de empresas

Segundo a pesquisa “Empreendedorismo Feminino no Brasil em 2022”, realizada pelo Sebrae e divulgada neste ano, as mulheres nunca tiveram tanto protagonismo enquanto donas de seus próprios negócios como atualmente. Já são mais de 10,3 milhões delas, representando 34% do total dos proprietários de empresas no país, um aumento de 24% em comparação a 2016, quando esse número era de 8,3 milhões.

Ariane Moura, proprietária, desde 2019, da unidade do Unimart Shopping Campinas do Griletto, rede de franquias da Halipar (Holding de Alimentação e Participações) especializada em grelhados, está entre os exemplos. Em 2015, ela já tinha a experiência de gestão, pois tinha uma loja da rede no Campinas Shopping, em sociedade com o ex-marido. “Nunca tive o sonho de empreender, mas ele tinha essa vontade. Ambos atuávamos no mercado corporativo e, quando acreditamos que era a hora de termos nosso negócio, definimos que eu deveria gerenciar devido ao meu perfil”, relata. A contratação de funcionários é algo que apenas 13% das mulheres empreendedoras realizam, já que 87% tocam o negócio sozinhas, segundo a pesquisa do Sebrae.

A escolha por abrir uma franquia também foi analisada e decidida em conjunto. “Eu sou muito medrosa, pé no chão e morria de medo de empreender. Optamos por abrir uma unidade do Griletto por sabermos que teríamos uma equipe de suporte para nos orientar, nos ajudar a promover a loja, como fazer o marketing... e, com esse suporte, nossas chances de sucesso aumentavam muito. A franquia te dá toda a base”, explica Ariane, que relata não se imaginar fazendo outra atividade. 

“A Halipar dá todo o apoio necessário aos franqueados, sejam experientes ou não. Temos, como premissa para que o negócio dê certo, que todos devem ser instruídos em todas as frentes, com o suporte de nossa equipe interna, que abrange todos os setores necessários para a manutenção do negócio”, explica Maurício Albuquerque, gestor do Griletto. 

Mesmo com todo o suporte, o dia a dia é responsabilidade da franqueada. “Eu nunca havia liderado uma equipe, apesar de ter trabalhado com recursos humanos em grande parte do meu histórico profissional. Quando precisei liderar os funcionários do meu negócio, precisava chegar num ponto em que eu seria boa para eles, sem prejudicar a mim e ao meu negócio”, relata Ariane, que ainda explicou que cometeu diversos erros nos primeiros dois anos de gestão da loja até aprender a dosar as necessidades do negócio e dos funcionários.

Ela reforça que as mulheres têm grande capacidade para empreender, já que apresentam grande empatia e capacidade de serem multifuncionais. “Nós, mulheres, podemos tudo. Com nosso jeitinho, conseguimos nos equilibrar, mesmo com todas as dificuldades e o fardo que carregamos. Não existe algo que a mulher não consiga fazer; só precisamos da oportunidade de aprender e colocar em prática. Por isso, é importante que apoiemos umas às outras”. 

Esse fardo, citado por Ariane, foi tema da redação do ENEM deste ano, com tema "A invisibilidade do trabalho de cuidado feito pela mulher no Brasil". No Brasil, as mulheres efetuam, em média, 21 horas semanais de trabalho não remunerado, que inclui afazeres domésticos e cuidados com crianças, idosos e pessoas com deficiência; quase dez horas por semana a mais do que homens, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

“Atualmente, as mulheres têm uma sobrecarga muito maior do que no passado. Ela não é só dona de casa ou somente empreendedora. Há um leque de coisas que devem ser feitas e que ficam a seu cargo. O Dia do Empreendedorismo Feminino é importante para inspirar as mulheres que desejam ser donas do seu próprio negócio e, muitas vezes, sentem-se incapazes de conseguir somar mais uma responsabilidade. Eu mesma achava que ser empresária não era para mim”, discursa a franqueada. “Hoje, não me vejo tendo outra fonte de renda. Pretendo expandir e abrir mais unidades do Griletto”. 

As mulheres ainda estão caminhando para ganhar espaço no mundo dos negócios, algo que tem melhorado com o passar dos anos, como mostram os números. “Temos algumas franqueadas, ainda em número menos expressivo do que os homens, e alguns casos em que o negócio é tocado em parceria com o companheiro. Percebemos que elas têm se interessado por negócios com mais relevância, diferentemente do que acontecia antes, em que elas empreendiam em pequenos negócios, normalmente ligados a trabalhos manuais. É um grande avanço para a nossa sociedade termos mulheres à frente de negócios consolidados”, completa Albuquerque. 

Atualmente, dos 13,5% de mulheres empregadoras, 26% das proprietárias de negócios empregam mais de seis funcionários, enquanto 74% têm de um a cinco. 

Empreendedorismo feminino e a maternidade

Um dos grandes desafios das mulheres no mercado de trabalho é a maternidade. Segundo pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas, quase metade das mulheres que desfrutaram da licença-maternidade não está mais presente no mercado de trabalho após dois anos. “Empreender pode te trazer uma flexibilidade maior para as tarefas pessoais, como cuidar dos filhos quando ficam doentes, sem precisar justificar sua ausência. É muito importante aprender a administrar seu horário para que haja tempo de qualidade para a família, para você e para seu negócio. É um desafio encontrar esse equilíbrio, já que administrar o negócio e a maternidade ao mesmo tempo é extremamente difícil”, diz Ariane. 

De acordo com dados do Instituto Rede Mulher Empreendedora, sete em cada dez mulheres donas do próprio negócio são mães, e a média de faturamento mensal de 80% das mulheres é de até R$ 5 mil. Apenas 12% têm um faturamento médio acima de R$ 10 mil. “O conselho que eu dou para outras mulheres que querem empreender é que o caminho não é fácil. Tem que estar realmente muito disposta, ter muita força de vontade e foco. Existem muitas dificuldades, mas acho que acreditar num sonho e correr atrás dele, se você realmente tem vontade de empreender, o caminho é esse, é ter força de vontade e não desistir nos primeiros degraus fracassados, porque isso vai acontecer, sim, mas a gente consegue superar se tiver um pouquinho de paciência e for de vontade. A mulher consegue tocar um negócio de uma forma diferente, e eu acho que este é o segredo do sucesso”, conclui Ariane.

Nenhum comentário:

Postar um comentário